Diretoria da entidade segue com denúncias para a imprensa sobre as condições de trabalho e reflexos psicológicos nos policiais penais

Na tarde dessa segunda-feira (08/11), a diretoria do Sindicato dos Policiais Penais e Servidores do Sistema Penitenciário do Estado do Ceará (Sindppen-Ce) recebeu a visita da TV Cidade na sede do sindicato.

Desde a morte de policiais penais no último dia 06/11, a assessoria de comunicação do Sindppen-Ce atuou para acionar a imprensa para que a diretoria pudesse se posicionar e denunciar as ações de pressão e assédio que acontecem dentro do sistema.

A intenção não é colocar luz sobre o episódio específico e expor os envolvidos, mas alertar a sociedade e aos gestores, de que é necessária e urgente uma mudança das relações de trabalho e da lógica aplicada de gestão.

Nas entrevistas concedidas até agora, a diretoria alertou que a categoria já possui cinco casos em que os profissionais tiraram suas vidas, o último precedido de um assassinato.

O episódio aconteceu no ambiente de trabalho, porém, segundo a diretoria da entidade, são constantes as denúncias sobre maus tratos, ameaças e assédio moral dentro das unidades. “Isso acumula problemas psicológicos nos policiais penais e só aumenta o número de atestados e licenças, não é de hoje que a diretoria recebe ‘pedidos de socorro’ da categoria”, afirma a presidente do sindicato, Joélia Silveira.

Ainda segundo a dirigente, a entidade desde novembro de 2020 cobra da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) a instauração da Comissão ao Combate ao Assédio Moral. O sindicato tem buscado realizar ações que ajudem a categoria, como a publicação de um folder sobre assédio moral e uma cartilha sobre trabalho decente no sistema prisional, assim como a campanha contra o suicídio que contou com a realização de LIVES para debater sobre o assunto, além de fechar uma parceria com uma psicóloga para atendimento de baixo custo.

A diretoria também denuncia a rotina extrema e desgastante do trabalho, que está sendo desempenhado com baixo efetivo. De acordo com o vice-presidente, Daniel Mendes, a direção do Sindppen-Ce buscou a SAP, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a imprensa por diversas vezes para tentar resolver as questões de falta de trabalho decente nas unidades, “o policial penal é importantíssimo para a sociedade pois ajuda a reduzir a criminalidade, mas somos humanos e precisamos desse olhar humanizado do Estado”.

DIRETORIA ALEGA DIFICULDADE DE ACESSO AS UNIDADES

A direção do Sindppen-Ce, alerta que para distribuir a cartilha sobre trabalho decente no sistema penal está enfrentando dificuldades de acessar os trabalhadores no local de trabalho a partir de regras criadas pela SAP que não estão dentro de um critério de razoabilidade e que desrespeitam a liberdade sindical.

“Nós somos representantes da categoria e precisamos estar ao lado do trabalhador, pois ele utiliza o sindicato para apoio e para denunciar os agravantes que acontecem no sistema e pedir ajuda, impedir o acesso ao local de trabalho é facilitar que excessos sejam cometidos e impedir a entidade de proteger seus filiados”, critica o diretor Rafael Magno.