Foram inúmeras denúncias feita pelo sindicato e pelos ouvintes
Na última terça-feira, dia 30, o Sindicato dos Policiais Penais do Estado do Ceará (Sindppen-Ce) participou do podcast Subversiva, que é apresentado diariamente pela jornalista Marina Valente.
Com o formato de entrevista, debate e opinião aberta do público, a edição especial com o tema “Sistema Penitenciário em Colapso: Fugas, Ameaças a Policiais Penais e os Riscos para a Sociedade” teve a presença da presidente do sindicato Joelia Silveira e do vice-presidente Daniel Mendes.
A apresentadora focou a entrevista nas lutas do sindicato e nas possíveis falhas que tem levado a fugas e, principalmente no adoecimento mental dos policiais. Houve ênfase na cobrança de uma postura melhor, enquanto administrador público, para a resolução de problemas “eu estou dizendo pois já ouvi de pessoas da minha categoria, de que o sistema é a vida dele, e se é a vida dele que ele tenha esse carinho com seus pares, pois como gestor ele é de certa forma também um deles, e se o sindicato está disposto desde que não haja perda de direitos conquistados, que ele tenha essa postura”, foi uma das afirmações feitas.
A apresentadora também afirmou que cabe ao Governador, tomar para si a responsabilidade de chamar as partes para a construção de um consenso, ouvir os dois lados até que se chegue ao meio termo, “não é apenas nomear uma equipe e confiar totalmente nele sem ouvir os outros e esperar que se sua equipe se vire”.
SINDICATO ESTÁ ATRÁS DE ATIVIDADES QUE DENUNCIEM A SITUAÇÃO AO PODER PÚBLICO E SOCIEDADE
Dentre as questões levantadas foram questionadas sobre as ações da entidade e os dirigentes não apenas listaram ações passadas, mas convocaram a categoria para acompanhar a atividade nas comissões da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (ALECE) para participar de uma Audiência Pública sobre Trabalho Decente. Os dirigentes sindicais foram, inclusive, informados que o evento foi transmito para 200 mil pessoas.
A participação no Subversiva foi um passo importante para dar voz às demandas dos policiais penais e reforçar a necessidade de diálogo com a gestão estadual para mudanças concretas na gestão estadual e mudanças na Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), tendo em vista que o publico do programa é extremamente ligado aos movimentos sociais e assistido por gestores e políticos do estado e de fora.
DENÚNCIAS SÃO FEITAS PELO SINDICATO E PELA CATEGORIA
Foram inúmeros os desabafos e denuncias feitas por policiais penais, que expressavam suas preocupações sobre as condições de trabalho. Um policial comentou: “É inaceitável que continuemos trabalhando em condições tão precárias.”
Ainda no chat do programa houve a denúncia de acidentes de carros provocados por exaustão e morte por infarto, motivados por transferências e “excesso de viagens”.
A valorização profissional, o fim do assédio e das práticas antissindicais também foram motivos de diversas falas e denuncias, “nós não estamos aqui pedindo nenhum favor ou algum benefício˜, afirmou a presidente Joelia Silveira ao reforçar que a categoria estava lutando por dignidade.
Com o foco na campanha “O cala boca já morreu!”, dirigente do Sindppen-Ce, Daniel Mendes, alertou para o absurdo das perseguições que o sindicato e a categoria estão enfrentando, o dirigente fez coro com as denuncias da categoria de que entidade sindical está impedida de fiscalizar livremente as relações de opressão nos locais de trabalho.
O vice-presidente também alertou pelo processo errado “por incompetência ou maldade” do pagamento das extras, a dificuldade de diálogo para soluções e a perseguição, inclusive de caráter jurídico, aos trabalhadores que se manifestam contra os abusos da gestão.
SEM HORA PARA PARAR E SEM HORA PARA COMER
Jornada de trabalho na madrugada, sem qualquer parada chamada pela categoria de “até o infinito”, foi a principal denuncia da entrevista.
“Os policiais têm uma jornada 24hx72h, ou seja, trabalha um dia e folga três, só que, neste um dia, nossos temos os policiais que também tem direitos trabalhistas que são garantidos pela CLT, os policiais penais são trabalhadores, (…) o que está acontecendo que além do policial penal passar o dia no seu trabalho (…) todo trabalho de rotina feito durante o dia, a noite tem de ser feito um quarto de hora, porque você vai revezando aquele horário que é o mais importante para se evitar fugas (..) e esses policiais receberam agora uma nova escala, pois anteriormente ela se dava de duas em duas horas, até para aquele policial poder descansar, pois é benéfico, aquela pessoa tem de estar alerta (…) na UPCT, nós recebemos a escala, ela começa às 22h até as duas da manhã, ou seja de quatro em quatro horas”, afirmou Joelia.
E este trabalhador pode ficar “até o infinito”, ou seja quando chega às duas horas da manhã ou às duas e quarenta, “e estão saindo para mais de oito horas, pois deveria ser (ela se refere ao turno de duas às seis), mas às seis tem de tirar os presos para fazer a paga da alimentação, para fazer os trabalhos e dar o banho de sol, ou seja, ele vai até as oito horas, isso quiçá se ele tiver o policial que o vai render às oito horas”, desabafou a presidente.
Além disto, a presidente do sindicato, Joelia Silveira, afirmou que a categoria não está conseguindo ter hora de almoço, sendo obrigada a fazer a refeição e entrar imediatamente em atividade, “é até uma coisa que eu considero muito grave, pois a pessoa não tem tempo nem de absorver os nutrientes, é até uma questão de saúde”.
Veja o vídeo completo: https://www.youtube.com/live/TTyu6pzIlEs?si=ZBFOkBNFXsD5NXWV